domingo, 15 de março de 2009

Gerente de Produto – Integrando comunicações desintegradas

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As empresas que definem um posicionamento e conseguem traduzir o mesmo em suas ações de comunicação com o consumidor - em seu produto, sua promoção, preço e praça - criam uma identificação entre consumidor e empresa que pode ser o grande passo para se aproximar da tão sonhada fidelização. Entretanto o distanciamento de áreas como marketing design e publicidade, piorada pela terceirização de algumas dessas áreas, tem nos trazido inúmeros casos de empresas que perdem seu foco e acabam não comunicando nada.

O distanciamento dessas áreas gera problemas que já iniciam na concepção do produto e se estendem a divulgação e distribuição do mesmo. Kleber Puchaski, designer com mestrado na Royal Art College de Londres, em palestra no Auditório do IF-SC relatou um exemplo que demonstra essa dificuldade de comunicação inter áreas quando disse que era comum o designer receber um briefing de 712 paginas proveniente do Marketing, ler 3 páginas e elaborar o produto.

Não é difícil encontrarmos empresas com produtos que comunicam uma coisa, promoção outra, ponto de venda outra e assim vai. Aqui em Florianópolis podemos pegar diversos exemplos, talvez um dos mais nítidos seja o de uma perfumaria chamada Extravagance Parfums, a loja vende perfumes bastante famosos, é bem localizada e com uma loja ampla para uma perfumaria, esses fatores poderiam direcionar a perfumaria para um público classe A, entretanto, a propaganda televisiva da Extravagance vai na contra-mão dos demais esforços de comunicação da mesma, fala uma linguagem classe C, com um personagem que remete a uma pessoa Classe C, em um comercial mau filmado, com um áudio péssimo e por ai vai.

Acredito que a chave para unificar estas ações seja um gerente de produto, uma pessoa conhecedora da comunicação como um todo e capaz de gerenciar as ações das diferentes áreas da comunicação - mesmo quando uma ou mais delas for terceirizada - unificando o foco destas ações e estabelecendo um maior fluxo de informações entre as áreas. Esta pessoa ainda deve ser capaz de intermediar as relações entre as diferentes áreas de modo a buscar sempre um denominador comum. Acredito que esta função já quase que comum em empresas multinacionais seja a solução para a grande maioria das empresas, sejam elas pequenas, médias, etc. inclusive aquelas que terceirizam serviços como a publicidade e o desenvolvimento de produto.

Por: Théo Orosco da Silva

4 comentários:

  1. Como estudante de design acho nada agradável ouvir um profissional renomado da área dizer que não dá atenção ao briefing enquanto está projetando. Acho que isso desvaloriza nossa classe profissional e a de nossos companheiros do marketing. Isso acaba gerando uma convivência ruim dentro de uma empresa que atrapalha muitas vezes essa ''conversa'' entre os setores de desenvolvimento de novos produtos e tecnologias e consequentemente, se o discurso não fica claro dentro da empresa, não vai ser claro também para fora dela. Provavelmente o valor percebido do produto pelo consumidor não vai equivaler-se ao real valor de sua produção.
    Penso que um gerente de produto talvez fosse interessante contanto que este tenha real conhecimento das áreas envolvidas durante o projeto. Este deveria ser sensitivo o bastante para saber conectar de forma eficiente profissionais de diferentes áreas de atuação e diferentes personalidades pois acredito também que deva existir a comunicação direta entre esses profissionais para evitar que ocorra a deformação da informação durante a transferëncia desse discurso.

    Eduardo Martins ( Florianópolis - SC )

    Estudante de Design

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  2. A existência da figura do Gerente de Produto é bastante eficaz, e até uma tendência de estruturas matriciais e de gerenciamento por processos. Chega de ter silos verticais que cuidam de áreas e dificultam a comunicação com foco no cliente. Aliás, FOCO é a palavra chave neste processo. P&D, Marketing, Produção, Qualidade, Vendas, todos precisam conhecer o mercado-alvo da empresa e seus desejos e necessidades, de modo que possam trabalhar para atendê-lo adequadamente. A figura do Gerente de Produto garante que este foco seja assimilado por todos que executam uma parte do processo.

    Prof. Cláudio Vicente (Florianópolis - SC)
    Professor de Marketing do MBA em Gestão
    Empresarial da FGV - Fundação Getúlio Vargas

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  3. Realmente, a desintegração pode provocar o fracasso de um produto. As áreas devem estar perto uma da outra e trocando informações sem briguinhas internas.
    O pior é que essas briguinhas já nascem desde quando a pessoa entra na faculdade, com piadas que menosprezam outras áreas de mesma ou maior importância.

    Rodrigo Brasil Krieger
    Design de Produto / IF-SC

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  4. Concordo Plenamente com os comentários, e quanto a começar a rivalidade entre as áreas já na faculdade isso é fato! E é essa mentalidade que tem que mudar, tem que ser um processo mutualistico e não competitivo!

    Théo Orosco - Moderador do site e escritor desse post

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